Thursday, June 25, 2009

RETENÇÃO. SIM OU NÃO?

Só o aluno que não apresenta uma significativa falta de capacidades (sejam elas emocionais e/ou cognitivas) deverá ser retido.
O aluno em que a falta de aproveitamento se deve a uma efectiva falta de capacidades cognitivas, é normalmente um aluno com desfasamento entre a idade mental e a idade cronológica. É um aluno mais "infantil" emocionalmente e cognitivamente. Irá desmotivar mais cedo e mais facilmente para a escola pelo que necessita principalmente de adaptações e apoios (maiores ou menores consoante o caso) no seu processo de ensino/aprendizagem com vista a uma preparação das competências mais importantes para um percurso futuro que não passa certamente pela escola. O treino de competências cognitivas embora possa minimizar algumas dificuldades e promover uma melhor adaptação não elimina contudo as dificuldades.
No entanto ainda é bastante usual optar pela retenção deste tipo de alunos como uma espécie de oportunidade, concedida pelo professor, para amadurecimento. E assim interpreta-se e confunde-se falta de capacidades com imaturidade.
Não é a mera repetição dos conteúdos escolares que minimiza os deficits cognitivos e/ou emocionais, mas sim um trabalho diferenciado sobre esses deficits. E este trabalho não rima com retenção, nem necessita de retenções.
Importa relembrar que ao retermos um aluno no mesmo ano de escolaridadade estamos a passar-lhe um atestado de incompetência, estamos a baixar-lhe a autoestima e a condicionar o convívio com colegas da sua idade e portanto a reforçar uma maior "infantilização". Após a retenção é frequente ouvirmos dizer "está melhor", "cresceu mais", "a retenção fez-lhe bem..." mas o desfasamento entre a idade mental e a cronológica, o desfasamento entre a idade e o nível escolar continua lá! Se queremos que evolua para quê atrasá-lo?
Por conseguinte a retenção não deve fazer parte de um processo de aprendizagem que, com maior ou menor intensidade, não segue o padrão/média.
A retenção só é um garante da recuperação de competências em falta no caso dos alunos em que o insucesso não se deve a um efectivo déficit cognitivo/emocional.

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